Por Antonio Fernandes

Ele lavra a terra,
ele cava a terra,
esburaca a terra,
ele arranca a terra,
ele faz buraco,
e de lá sai pedra,
e de lá sai mato,
e de lá sai barro,
e de lá sai pedra,
e de lá sai terra.
Ele está cansado,
de cavar a terra,
ele está cansado,
de lavrar a terra,
de fazer serviço,
que ninguém mais quer.
Ele está exausto,
ele está cansado,
vai jogar um corpo,
vai jogar um corpo, vai jogar um corpo…
De quem é o corpo?
É que ninguém sabe.
É de quem o corpo?
é que ninguém sabe.
De quem é?
Ninguém sabe.

É que foi a guerra,
é que foi a dor,
é que foi a fome,
é que foi o homem,
é que foi o homem, é que foi o homem,
que deu cabo a vida,
a lavrar da morte,
a cavar da morte,
esburaca a morte,
e arranca a morte,
é que foi a morte, é que foi a morte,
é que foi a morte.
Morte.

Morte.

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