Por Antonio Fernandes

A carne é fraca.
A carne é fraca e a vontade é grande.
A carne é fraca e a vontade é grande e as ninfas belas.
Óh céus!
Mas que ninfas belas
Pintadas nas telas
Da nossa Savassi.
Óh céus!
Salve-me Deus de todas as mulheres mineiras, Deus!
Tuas tentações corroem meu âmago e roem-me a superfície Deus!
(Não só a superfície, deveras um pouco mais em baixo)
Deus! Seria este o céu, Deus? Ou será o inferno Deus?
Que será o hospício o lugar que habito que me caiba vivo,
Puro.
Mágico.
Os olhos brilham.
O sabor é trágico.
E a carne é fraca.
E a carne é fraca.
E a carne é fraca.

Poisé.
Se tens sorte de nascer mineiro, então tens muita sorte.
Quem precisa praias? Quem precisa São Paulo ou cariocas?
Quem precisa? Quando se a todo lugar que olho há uma Copacabana que me olhe?
Há uma Marginal Tietê que me roube? Cristo!
Se Deus é brasileiro (e há de ser, há de ser) então não preciso almejar o céu.
Se Deus é brasileiro não preciso almejar o céu pois o céu é aqui meu Deus!

E que estás a falar? Bruto! Quer atrair os gringos? Ou pior, a sociedade paulistana?
Com seus “Erres” errados e sua indiferença ao mundo?
Quer trazer pra cá os cariocas com toda a sua arrogância?
Trate já de calar-te, bruto.
Se tens um segredo então calas. Nosso segredo, o segredo coletivo à Minas, são suas beldades naturais.
Temos mais beleza que Copacabana em dois quarteirões de Lourdes!
Há mais riqueza na Liberdade que em Higienópolis inteira!
Então te calas, imbecil, antes que atraia os gringos pra cá!
Deixem pensar que somos caipiras analfabetos comedores de queijo.
Enquanto isso dividimos tal pote belo e sedento,
que são todas, e digo todas, as mulheres mineiras.
Pois não há mulher mais bela no mundo que a mulher mineira.

Minas não é terra de Deus coisa nenhuma.
Minas é terra de Alá.
Este daqui é o seu harém.

Sem mais.

 

 

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