Textos

Suicídio

Por Antonio FernandesPoderia eu sobreviver um dia como mendigo?Confabulo.Em fábulas, claro.Confabulo pois é isso que estou sempre a fazer.Masturbações filosóficas freudianas,amedrontado pelo fluxo da vida,apavorado pela iminência da morte. Apavorado? Talvez transtornado.Transtorno-me pensando em um dia não mais estar.Não mais… Continue a ler »Suicídio

Bailar Errôneo

Por Antonio FernandesDesenhos de Verônica Vilela Colecionava botões. Pensava com seus botões. Era ruivo, mas do tipo feio. Contemplava seus botões enquanto pensava. Usualmente usava boina, havia fodido um par de garotas por isso. Gostava de joga-los ao ar e pega-los.… Continue a ler »Bailar Errôneo

Liquidação

Por Antonio FernandesQue tal uma colher de açúcar?Doce toca tuas gustas patativas, você fecha os olhos e sente uma pontada de sabor repuxando tua língua.Não é suficiente? Então vá até aquela velha vitrola. Saque um vinil empoeirado de Chico. Sopre-o e… Continue a ler »Liquidação

Ser

Vi os olhos dos lobos.Farejam.Olhos dos lobos.Escutam.Lobos.Rosnam.Talvez saibam onde estou. Corro, os lobos tem pernas.A selva atravessa-me.Há pessoas na selva.Pessoas que choram.Os lobos tem pernas.Apenas duas, e me perseguem. Corro, os lobos tem braços.Passo por casas que incendeiam.Há mulheres nas… Continue a ler »Ser

A Carne é Fraca

Por Antonio Fernandes A carne é fraca.A carne é fraca e a vontade é grande.A carne é fraca e a vontade é grande e as ninfas belas.Óh céus! Mas que ninfas belasPintadas nas telasDa nossa Savassi.Óh céus!Salve-me Deus de todas… Continue a ler »A Carne é Fraca

Bela Acolá

Por Antonio FernandesOlho-a de longe. Só.Não a amo nem me apaixononão de fato.Mas não me presto a não olhar. Tua face conspira-lhe burguesiamas teus olhos traem-lhe aristocracia.Ela que é toda anárquica,Em filosofia que nem Marx converge. Uma filosofia sã.Que sendo… Continue a ler »Bela Acolá

O Lavrador

Por Antonio Fernandes Ele lavra a terra,ele cava a terra,esburaca a terra,ele arranca a terra,ele faz buraco,e de lá sai pedra,e de lá sai mato,e de lá sai barro,e de lá sai pedra,e de lá sai terra.Ele está cansado,de cavar… Continue a ler »O Lavrador

Sete de Novembro

Por Antonio Fernandes– Briguem! Briguem! Eles estão bebendo nosso sangue! Briguem! Briguem! Eles estão bebendo nosso sangue! A  Vasilissis Sofias estava apinhada aquela noite. Não que não estivesse sempre apinhada, você sabe. Horários de Rush são comuns em todo lugar do mundo. Mas havia milhares… Continue a ler »Sete de Novembro