Por Antonio Fernandes
Amigo canino
Aluado lupino
Fiel Aliado
Potente castrado
Rabo cortado 
Deixado de lado
Morto e abandonado
Amigo canino 
Sangrou acorrentado
Uivou debilitado
Preso engaiolado 
Vendido largado
Na rua atropelado
Amigo canino
Te salvo resgato
Me lambe me beija
Na cama rasteja
Come bolo e a cereja
Minha carne e meu pão 
Minha casa sua casa
Teu lar meu irmão 
Companheiro de horas noturnas
Parceiro em caminhadas diurnas 
Chorei outro dia
E voce se aninhou
Ao meu lado
Folgado 
E mordeu descolado 
O controle
Da televisão 
Destruiu o sofá da sala
As almofadas preferidas
De minha mãe 
Comeu meu tênis novo
Roubou meu coração 
Quando chego cansado
Aos prantos aos pulos
Latidos desembestados 
Me recebe endiabrado
O diabo do cão 
Já velho e carente
Cansado e contente
Amigo canino
Se deita bem rente
Ao tapete da sala
E me olha 
Comer o pão 
Me deixou de repente
O Lupino presente
Ganiu estridente
Na navalha
Do veterinário 
Meu amigo
Meu presente
Hoje sento sozinho 
Ao sofá bem na sala
Acendo o cigarro 
Me olho
Sem rimas
E olho
Na quina 
Do sofá 
Pequenas
Marcas
De dentes
Que já não estão aqui mais
O silêncio na casa
Torna presente
A falta
Que voce me faz
Amigo canino
Amigo lupino
Amigo
Meu cão

Share:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on pinterest
Pinterest
Share on linkedin
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

On Key

Posts Relacionados

Baco

Por Antonio Fernandes O ordinárioJovem padrãoBusto vazioArroz com farofaNão tinha assuntoNem modosEra qualquerImemorávelEstepeHavia vários delesNomes comunsEsquecíveisCujos quaisA única razão em serEra pontuarA presença e o

Langerie Preta

Por Antonio Fernandes Caem as calçasSobra um langerieLinhas pretas com padrõesQualquer coisa sexualEm cordas trançadasDeixando ver sem verEla sorriGira o corpoJoga o cabeloSe jogaVislumbre de

O Privilégio Branco

Por Antonio Fernandes O privilegio brancoCorta as veiasParecia sempreTao alegreÉ que as drogasEscondiam o fundo da dorParecia sempreTao decididoÉ que o opio lhe cancelavaO torporDas