Por Antonio Fernandes

Em qualquer coisa
Como um bote
Em águas dóceis
Navega perdido
Um marujo noviço
Que dos céus
Da noite não tirou
Razão
Entre nuvens entre ventos
Não percebia direção
Com o Cruzeiro tapado
Andrômeda escurecida
Nem lua cheia via
O coitado, coitado
Sentado bebendo lembrava
De portos garotas
Mulheres mulher
Que esteve certa vez com ela
Foi em cape Town?
Uma garota de cabelos pretos
Olhos pintados profundos
Sorriso gostoso e mãos
Que lhe afagavam o pescoço
Era qual era mesmo
O nome dela?
Nem Helena nem vera
Qualquer coisa como um
Passaro tinha o som de pássaro
E quase caiu pra trás
Quando um grande passaro preto
Enorme
Pousou nas velas do seu barquinho
E piou estridente
Abriu as asas
Com toda envergadura
Uma águia
Sim, uma águia
E numa lufada mais forte de vento,
As nuvens do céu se mexeram
E no leste pode
O perdido jovem
Atônito marujo observar
A constelação de áquila
Cortadas nos céus
Dourada
E soube então o caminho
De casa
O nome da garota

E com um passaro
Daquele tamanho no barco
Alguém em qualquer canto gritou

Terra a vista

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