Por Antonio Fernandes

Sento-me na proa
Com o mar desfilando ondas
Selva em todas as direções
E rabisco o momento
De me sentir o menor do mundo
E viver meu sonho
Cunhado de dor da perda
E infelicidade absoluta
Do momento de glória
Falseio alegria
Que inverna uma tristeza letal
Dentro de mim
Tenho perdido tudo
Como tenho perdido
Eu mesmo
Dentro de uma caixa
De pensamentos
Meu erro foi
Deixar que a felicidade incontida
Levasse meu espírito
Até o mais alto mastro
Para me partir
A cabeça em queda
No convés
Rodeado estou sozinho
Sorrio quando
Gostaria chorar
Minhas mensagens de esperança
Cuidadosamente abandonadas
Restam não faladas
Ela deveria estar aqui
Ao invés
Está lá
Eu deveria estar lá
E em vez
Estou em lugar nenhum
Nessa neblina fosca que
Embaça meus olhos e meus pensamentos
O sol do Oeste se põe
Leva a alegria de meus dias
E esvai em correntes
Meu pensamento
O vento sopra meu rosto
Dizendo-me que levante
Mas não há força resta
Que me deixe descansar
O barco balança
Ameaçando jogar-me pra fora
E só a força do extinto
Me mantém sob si
Velejando para lugar nenhum
Sem nenhuma razão
Com toda a tristeza posta
Sorrio para ela
Pra que pense que está tudo bem
E em verdade não estou

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