Por Antonio Fernandes

Implicitamente
tateei sua alma com
os olhos
rabisquei seus rastros
com meus dedos
tocando os seus
rabisquei implícito
um sorriso meio de lado
meio amarelado
como quem não quer
falei mais perto
da tua boca
pra te escutar melhor
implícita
você jogou os cabelos
fez de curiosa
nos meus assuntos
que você já sabia
escutou-me falar
só para ver os lábios mexer
a excitação de estar
implícitos
falamos do universo
conversamos filosofias
discursamos projetos políticos
traçamos passado e futuro
implícitos no assunto
que somos nós dois
o querer
como quem não quer nada
me fiz de curioso
sobre qualquer pinta
que você trouxe no rosto
se fazendo de boba
perguntou pra mim
se era essa
como quem não quer nada
me aproximei
pra ver se era mesmo essa
se fazendo de boba
virou o rosto no meu rosto
como que desentendida
e implicitamente
de forma flagrante
esbarraram as bocas
e tudo se fez
Explícito

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