Por Antonio Fernandes

Amor não é o pé da colina com o lago dourado

é sim a peça do quebra cabeças faltante
aquela que por razão não
se encaixa
ainda que haja peça não há que encaixe
amor por si só 
não é completo
tenho tentado dar amor ao mundo
e a tantos, com tanta intensidade
tenho tentado fazer tudo diferente
pra variar
e novamente o diferente não dá certo
pessoas mudam
amores mudam
esse quebra cabeças é
quebrado
haja ardor no meu peito
lágrimas no rosto
ou desejo desesperado de fim
a vida é um constante caminhar agonizante as vezes
as vezes.
mas não é caminhar se não
para si mesma. uma volta ao útero de oitenta anos
do útero da carne
ao útero da urna de pó
transformamo-nos através da destruição agonizante
de tudo que nos é arremessado e nos dói
cada vez que penso que conheço toda a dor, há dor maior
quando já tive a maior
tenho dores diferentes
a confusão mental de não saber ser de saber-se de mais nada
não ser nada
ser estado mental confuso catatônico
abestado e trouxa?
ou ser estado físico sólido, que se faz de aço
para defender um núcleo macio e fraco?
ser eu estado de vapor cortante e destrutivo?
ou me aninhar nas unhas da comodidade
ser aquático estático quase que dando de dengue?
viver é sonhar
mas viver é fazer
viver só não é o não fazer
que o sonhar nunca se fez
tenha dó do nó que fez pó
da dor que me deixou
tão só
da ausência do sonho
quando felizes para sempre
será para sempre
o sonho que nunca se fez 

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