Por Antonio Fernandes

Nada
de nada
a vastidão do universo
infinitude dos seres luzes e energia
tudo que há em todos os cantos
onde quer que haja alguma coisa
tudo
toda essa escuridão que habita o resto
matéria escura
matéria clara
tudo contido num ponto específico
pequeno e concentrado da minha alma
que dói
dói estupidamente
um vergão de ferro
enorme
atravessado ao peito
enferrujado
eu mesmo
lhe fiz o favor
de mete-lo ali
todo
giro para ver se dói mais
perdido de paixão
deixo comer as beiradas
sinto o sangue escorrer
e assisto a cena
maravilhosa
que é destroçar a mim mesmo
embebido de vinho
fico mais tenso
fumo cigarro
que não quero fumar
como se tomasse o remédio
da dor
que não queria beber
a força se foi
perdi-me de mim
e me fui
vagueio em névoa escura
gelada
gelada como o rei da noite
em guerra
sou o próprio rei da noite
estou a milênios sendo o rei da noite
a luz do dia foi só uma esperança
queria saber se sou só eu
que busco a dor
como um porco busca
as bolotas
idiota retardado
getting bad trips
crap ideas
stupid
idiot
babaca
retardado débil men
tal
qual a necessidade?
nenhuma
cata essa paixão
ardente
insana
e transforma o fogo
vermelho em fogo
negro
sou só um cão
que ama mesmo o dono que
lhe machuca
estupido
mas dói demais
dói tanto quanto poderia doer
congela o frio
da alma
rasga vertebras
sente as costelas trincarem
os maxilares
quebrarem
o rosto roxo
de pancadas
destrói a si mesmo
salta do lugar mais alto
ao lugar mais baixo
estatela
parte
arranca
rasga
massacra
só dor
dor
dor
qual a necessidade?
nenhuma
não há
busco isso a mim mesmo
como se quisesse me sentir vivo
e agora só me sinto
meio
morto

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