Por Antonio Fernandes & Michele Alves

Ela: Uma garota vestida de preto chorava baixinho.

Ele: Eram lágrimas de amor.

Ela: Lágrimas de um amor perdido.

Ele: Ela se recordava do amor, ao pé da janela.

Ela: Pensando nas noites que esteve verdadeiramente viva!

Ele: Vendo os pássaros cantarem, se lembrava dos bons momentos.

Ela: E chorava mais! A saudade que sentia machucava ainda mais seu coração.

Ele: Do dia em que ele veio até sua casa, tocou na porta bufando, e ao abri-la, descobriu-o estendendo uma flor e sorrindo.

Ela: Aquela flor… hoje seca dentro de um livro qualquer, parecia um lembrete das coisas que ela perdeu.

Ele: E aquele sorriso está longe, muito longe, dolorosamente longe, mais do que a garota podia suportar.

Ela: “Eu posso concertar você!” E agora a garota, ao pé da janela via, não havia nada a concertar. Tudo era bom, mas foi-se.

Ele: Juntava os pedaços do seu coração vendo a brisa balançar as árvores e sentindo o tempo passar.

Ela: Ah, o tempo! Passou a vida ouvindo dizer que esse tal tempo curava tudo. No fim, descobriu que era tudo uma história de ninar as avessas.

Ele: E o garoto não correria mais até sua casa. E o tempo não lhe traria novas lembranças. Ela estava sozinha, e chorou.

Ela: O silêncio da noite a engolia aos poucos, as lágrimas já começavam a secar em seu rosto e ela continuava ali, sem saber pra onde seguir.

Ele: Saiu da janela e cançou de esperar. Ele nunca mais voltaria.

Ela: Passou pela porta e saiu. Simples assim, começou a só andar e andar.

Ele: Desabou e se desfez.

Ela: Fim de uma vida, já não importa mais.

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