Por Antonio Fernandes
Per un amico

Sou o último de minha espécie
Qualquer coisa que sente
Qualquer coisa que sente vontade
Alguém que mente
Que chora que sofre
Que conta verdades doídas
Retorcidas de memórias frágeis 
Perdi um amigo
Alguém que tinha suas próprias vontades
O último de sua espécie 
Qualquer coisa que chorava
Que vivia
Que buscava as emoções da vida
Como o garimpeiro cava fundo em busca de ouro
Ele não saiu do próprio buraco
Não são as drogas o perigo
É o vício das sensações 
Que nos faz comovidos
Que sussurradas no ouvido
De batidas fortes no ritmo
Do corpo
Da alma
As músicas são o perigo
Exemplos errados são o perigo
Céus de fogo
Asas negras
Ritmo frenético de tentações simples
Caligrafia torta
Versos tortos
Somos cada um 
O último de nossas espécies 
E existe um universo
Em cada um de nós 
Perder um amigo é perder
Parte de si
Parte do que te fez cunhado
Da moeda amassada 
Velha desgastada
Um amigo perdido é um irmão perdido
Um filho que se vai
Um amor, um amante
Um alguem que fez de alguem tudo
Hoje não sendo nada
Se não lembranças 
E o que resta de cada um de nós 
Se não relíquias 
Memórias 
De uma existência breve porém 
Rica
De aventuras e perigos que corremos
Não são as histórias que contamos?
Não são as histórias que vivemos?

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